As compras no Lidl foram muito parecidas com as nossas por
cá, excepto no facto de eles não terem carrinhos nem cestinhos: na prática
agarra-se numa caixa de cartão vazia que esteja à mão e pronto, colocam-se as
coisas lá dentro e reza-se para que não se desfaça. Muito estranho!...
Foi de
caixa em punho que parti à descoberta do que seria o jantar, num processo que o
meu miúdo mais novo adora: “Estás a escolher ao calhas?!”, pergunta ele ao
ver-me tirar coisas das prateleiras por impulso, como que por inspiração, de
uma forma aparentemente aleatória. “Não”, respondo, “estou a deixar a
imaginação fluir, até porque ao olhar para os ingredientes percebes se são
frescos e vais construindo os pratos com base nisso também!”. Não, não sou
nenhum Gordon Ramsay ou Jamie Oliver, mas gosto de inventar na cozinha e de
construir os pratos por impulso e feeling mais do que por receitas. Tipicamente
ou resulta muito bem ou... enfim, esqueçam. Neste caso fui observando o que
poderia usar para uma sopa fora do espectro das sopas enlatadas que Bianca usava,
e os espinafres “saltaram ao olhos”. Cenouras, batata, cebola, alface, alho e
arroz completaram as compras, com a proteína a ficar a cargo de uns bifes de
perú. Bianca confiou simplesmente em mim, juntou algumas coisas que precisava,
e em menos de quinze minutos estávamos outra vez à chuva (agora miúda) a
caminho de casa. A colega dela chegaria entretanto, pelo que fui adiantando o
jantar para termos oportunidade de conversar. Fiz uma sopa de espinafres (com
puré à base de batata, cenoura e cebola), tão simples que até parecia mal, e
para completar a refeição salteei a carne de perú (strogonoff sem natas e com
pouco ou nenhum azeite), com vários temperos que juntei por instinto, como
sempre, acompanhando com arroz e uma salada de alface fresca. Muito dirão que é
tudo menos comida gourmet, mas têm que admitir que é muito próximo da nossa
forma portuguesa de cozinhar e, convenhamos, face a um arsenal de conservas até
parecia gourmet! Quando a colega dela chegou o jantar estava em “roda livre”,
com tudo a cozinhar calmamente e o cheirinho da comida a encher a casa. Raro,
por ali!
NOTA: este texto é apenas um excerto do primeiro esboço do livro, não o texto final.
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