Um quarto de hora depois estava de novo na Gare
d’Austerlitz. Dirigi-me à bilheteira, onde encontrei a menina que me atendera
dois dias antes. “Conseguiu o dinheiro?”, perguntou. “Sim!”, respondi, e
enquanto o diabo esfrega um olho recebi um bilhete para um “sumptuoso” lugar sentado no Intercité de Nuit para
Irún. Sim, muito ficariam de nariz torcido por não ser uma cama, mas eu
não: TINHA UM BILHETE PARA SAÍR DE PARIS,
para seguir para Sul, e isso era tudo o que me interessava, era o que mais
queria! Agradeci a gentileza com que me atendeu, peguei nas minhas coisas e fui
até ao piano: se há dois dias ele servira para escoar as minhas dúvidas e
ânsias, hoje servia para espalhar a alegria que sentia! Toquei durante uns bons
quinze minutos, até sentir fome. Eram cerca de 19h, estava na hora de atestar a
barriga. “Vamos lá procurar uma solução!”, pensei, sorridente.
NOTA: este texto é apenas um excerto do primeiro esboço do livro, não o texto final.
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