O "canto dos que pedem boleia"! |
Devo confessar que estava a ficar preocupado: depois de
andar a todo o gás pela Suécia, Alemanha, Holanda e Bélgica, e até França,
parando apenas porque eu queria, ali estava eu “encalhado”! Caramba, seria
assim tão difícil sair de Paris para Sul?! Que raio se passava?! Para ajudar à
festa a barriga estava outra vez a queixar-se, e com razão: em 24h só comera
uma sandes, um pacote de bolachas e três iogurtes, apesar de ter andado
quilómetros a fio com a tralha às costas! Eram estes os meus pensamentos no
momento em que decidi mudar de sítio e procurar uma solução para o almoço, e
foi neles que fui remoendo enquanto subia a rua... até que me apercebi: “espera
aí, tu estás a ter pensamentos idiotas e derrotistas, estás a queixar-te e a
gastar energia com o problema e não com a solução... PAROU!”.
Controlar o que penso, detectar auto-conversas destrutivas
e padrões de pensamento nocivos, que me levem num rumo diferente do escolhido,
tudo isto são hábitos que criei nos últimos anos e ensino aos meus clientes.
Nenhum atleta começa a maratona a pensar “vai ser horrivelmente difícil, vai
doer MUUUIIIITTTTOO e vou perder!”, porque se o fizerem estão arrumados. Qual é
a solução? Pensar no que queremos, direcionar o pensamento para a busca da
solução e, se no limite o sentimento persistir e nos fizer voltar ao caminho
errado, falar alto connosco próprios, desvalorizando e/ou ridicularizando o
problema e auto-convencendo-nos (é mais fácil se nos ouvirmos realmente) de que
vamos dar a volta. Foi o que fiz, tal era a intensidade do sentimento de azar e
derrota: “Vá lá, deixa-te de fitas! Fizeste já mais de 2.600 kms, encontraste
sempre soluções, pessoas e recursos. Aqui a cultura é diferente, sim, e isso
causa confusão e vai obrigar-te a encontrar novas soluções, mas, que diabo!,
abre os olhos e procura-as, só assim as encontras. Elas andam aí, de certeza!!!
Por isso anima-te, faz um sorriso, endireita-te e levanta a cabeça, hás-de descobrir
o caminho, ele aparecerá como até aqui!!”. Imaginam o que pensariam os outros
transeuntes ao ouvir-me falar alto, rua fora? As caras de espanto deixavam
antever que alguma reprovação social deveria haver, pelo menos, mas sabem que
mais? Eu não queria saber! Se a minha felicidade dependesse do que os outros
pensam de mim estava a abdicar da minha vida para as vontades dos outros! Além
disso eu sabia que funcionava, ponto, e sabia que fora da zona de conforto é
que encontraria as soluções, e foi com este espírito que continuei em direcção
à igreja.
NOTA: este texto é apenas um excerto do primeiro esboço do livro, não o texto final.
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