Começando como começam muitas boas histórias, ou
seja, pelo princípio, vamos recuar a terça-feira, o primeiro dia desta
aventura.
Os Frades e a Amélia enfiaram-se
na autocaravana e partiram em direção a Moledo, em Viana do Castelo, onde
passaram a primeira noite. A manhã do dia seguinte foi muito produtiva, porque
conseguiram percorrer o areal todo, falando com muitas pessoas simpáticas e
sensibilizadas para a causa do acolhimento familiar, e curiosas quanto ao
livro. Vendemos alguns livros (não, não somos hipócritas e não vamos fingir que
não queremos vender livros. Queremos, claro, porque isso é bom para toda a
gente, incluindo para a Mundos de Vida, cuja causa também queremos – e estamos!
– a promover). Voltaram [eu só cheguei na quarta] à caravana e partiram para
Vila Praia de Âncora, onde estacionaram para que a Sofia pudesse cozinhar o
almoço. Da parte da tarde, enquanto que o P. e o M. foram ver se o Atlântico
está mais frio ou mais quente que o ano passado – uma árdua missão que vão
levar a cabo durante todo o mês de agosto – o Ricardo e a Amélia foram de
livros às costas pela areia falar com mais pessoas simpáticas. Só faltou a
simpatia do S.Pedro, que não colaborou e fez com que a tarde ficasse mais
curta, devido ao vento: sem pessoas na praia, não fazia sentido lá andar.
Recolhidos ao “Lar doce lar” ambulante, o planeamento do dia seguinte ditava
que Afife era a praia da manhã, e foi para lá que rumaram, onde, lá chegados,
jantaram e acabaram por pernoitar.
Na
manhã seguinte cheguei eu, de comboio, para me juntar à equipa. Assim, foi
possível dividirmos esforços, e enquanto a super dupla Ricardo/Amélia passeava
pelo areal, eu fiquei responsável pela banquinha de vender livros à entrada da
praia, junto à autocaravana. O mais curioso desta experiência foi que apanhámos
muitos estrangeiros, a quem nunca deixamos de explicar todo o projeto e a causa
que lhe está associada. Umas senhoras britânicas ficaram muito interessadas, e
entraram em êxtase quando lhes dissemos que estamos a trabalhar na tradução do
livro para inglês! (e se isto constitui uma surpresa é porque ainda não
subscreveram a newsletter do Pé Descalço! Eu – que sou um bocadinho suspeita –
recomendo-a. Como fazer? Está tudo
aqui) É muito gratificante perceber o
interesse e o entusiasmo das pessoas pelo projeto que também é um bocadinho
meu, e gostava de ter fotografado o momento em que uma senhora vai a passar
pela autocaravana e, na altura em que vou tentar interpelá-la, ela com um
sorriso enorme diz-me “eu já tenho o livro, menina”, e aponta para um
compartimento da mochila onde, acredito, tinha colocado o livro. Acreditem que
estes pequenos momentos são os que nos marcam, pela positiva!
Com o final da manhã fomos
almoçar com vista para o mar, que é uma das coisas boas de andar de autocaravana.
Durante a tarde traçámos o percurso: do Cabedelo até à Amorosa. Infelizmente o tempo
não ajudou, e afugentou as pessoas da praia. Decidimos então aproveitar para ir
às compras, e partir para sul, até Ofir. Lá chegados, fomos brindados com ainda
mais vento que em Viana do Castelo (Ofir pertence ao distrito de Braga) e confinamo-nos
à caravana. Aproveitámos para ir descansar cedo e retemperar energias. Ou assim
perspetivamos. A noite trouxe muitos jovens àquela zona – no parque de estacionamento
junto às famigeradas Torres de Ofir – com o intuito, creio eu, de ir até à
discoteca Biba Ofir. Só que acharam mais piada ficar no parque de
estacionamento, com o leitor de mp3 ligado às colunas do carro, no máximo, de
portas abertas e, dado o barulho, tiveram que manter a conversa aos berros
(pois claro, baixar o volume da música não era uma opção
‘top’). Houve ainda espaço para algum street racing, a julgar pelo
barulho, que eu não me dei ao trabalho de descer do meu beliche para verificar.
Por volta das 6h lá decidiram ir embora e deixar-nos descansar (se estiverem a
ler isto, obrigadinha ‘migos’!). Como se os episódios nocturnos não fossem
desgraça suficiente, quando acordamos e abrimos as janelas…estava a chover!
“Uma desgraça nunca vem só”.
Mas isto é o Pé Descalço, por isso
o pensamento positivo impera sempre! Revimos o plano, delineamos alternativas e
jogamos ao UNO enquanto a Sofia nos fazia o almoço vegetariano. Da parte da
tarde, e visto que o S.Pedro não deu tréguas, eu, a Amélia, a Sofia e o M.
fomos até à biblioteca de Esposende, onde aproveitamos para carregar a bateria
dos computadores e dos telemóveis, bem como adiantar algum trabalho da viagem
(divulgação – escrita deste blog incluída, que o texto anterior foi escrito lá
– acerto de detalhes dos próximos passos – autorizações de estacionamento e
coisas assim – e mais um sem número de coisas relativas aos muitos projetos da
Génio & Audácia, a empresa do Ricardo). O Ricardo e o P. ainda tentaram a
sorte nas praias, mas o mau tempo venceu. Também montaram uma banca de venda de
livros na rua, mas a polícia explicou que teríamos que ter um sem número de
autorizações (que não tínhamos, porque foi uma solução improvisada), e então
optámos por seguir viagem até à Póvoa de Varzim.
Estacionámos a caravana junto ao
Estádio do Varzim, e jantámos a ver o filme ‘El Chef’ (aquele filme que o
Ricardo refere na última newsletter). Aconselho que vejam, mas com a barriga
cheia, caso contrário é capaz de não ser boa ideia! No final do jantar o Rui e
a Ana, o super simpático casal amigo do Ricardo e da Sofia, apareceram para
café. Eles foram, eu e a Amélia ficamos em ‘casa’, a tentar que o RTP Play
funcionasse para podermos acompanhar o jogo de estreia da seleção olímpica de
futebol nos jogos do Rio de Janeiro (para os mais distraídos, vencemos a
alegada candidata ao título – Argentina – por 2-0). Vimos a segunda parte, e
fomos dormir com o sentimento de que não há mesmo impossíveis, e que o amanhã
seria um bom dia. E foi! Mas sobre isso conversamos amanhã, lá pela hora do
almoço, que agora está na hora de ir descansar.
by Paula Ferreira Lobo