sábado, 6 de agosto de 2016

“Pé mole em areia dura, tanto percorre até que vende livros”



Okay, é uma adaptação um bocadinho forçada do provérbio popular, mas a Póvoa de Varzim foi mesmo um osso duro de roer... mas no final o balanço foi extremamente positivo!

Depois de uma noite bem dormida, estávamos cheios de energia para promover o livro e a causa! Começámos ainda em Aver-o-mar, e seguimos pelas praias da Póvoa. Dividimo-nos em duas equipas – eu, a Amélia e o M. formamos uma, o Ricardo e o P. outra – e lá fomos. Eu, que toda a minha vida passei férias na Póvoa de Varzim (até perto dos 22 anos), nunca me tinha queixado da areia daquelas praias, mas ontem? Credo! Para quem não sabe, a areia das praias da Póvoa de Varzim é muito grossa e duríssima! Para estar na areia a brincar é óptima, mas para percorrer aquilo tudo… custou. De manhã percorremos cerca de 1/3 da praia, sendo que em apenas um sector concessionado não nos deram autorização para passar a zona das barracas para falar com pessoas. Pena, mas paciência. Fomos pela zona dos guarda-sóis e pára ventos e encontrámos a família da Sónia Lopes, com quem estivemos a conversar um bocadinho muito animado, e eu e a Amélia ainda tivemos a honra de ser fotografadas pelo pequeno grande fotógrafo, o filho da Sónia. Foi tão bom, que até fizemos questão que o Ricardo os conhecesse e autografasse o livro! Podem ver a foto que a Sónia gentilmente partilhou no nosso facebook. Também tive a sorte de encontrar a simpática Maria José, que prometeu ler o livro depois de Setembro, após terminar a tese de doutoramento (na qual eu participei, e por isso a conheci). Fico à espera do feedback dela. Tenho a certeza que, depois de material tão denso, será uma boa leitura pós tese. Boa sorte, Maria José!
Com as horas de maior calor, e o estômago a dar horas, voltamos à autocaravana. Sabíamos o que no esperava: um belo arroz de tamboril! A Ana e o Rui tinham trazido uma panela dele no dia anterior, e só vos digo que estava DE-LI-CI-O-SO! Eles apareceram para tomar café connosco, e tive a oportunidade de os conhecer melhor, visto que no dia anterior não tinha estado com eles (eu falei sobre isto aqui).
A companhia estava óptima, mas a praia estava repleta de pessoas para conhecer. Lá fomos, desta feita com uma estratégia diferente. O Ricardo e o P. começaram depois da praia do Carvalhido (para quem conhece a Póvoa de Varzim, a praia do Carvalhido é aquela da torre do relógio – e essa zona chama-se esplanada do Carvalhido, já agora), sendo que eu, a Amélia e o M. ficamos com a zona até lá. Encontrámos um senhor que claramente não estava de bem com a vida. Tentamos explicar-lhe os benefícios de ler o Pé Descalço, mas ele estava convicto de que não tinha nada a aprender com pessoas mais novas que ele… quando assim é, não há muito a fazer, por muitos argumentos racionais que tenhamos para apresentar. O truque é não desanimar e seguir, e não demorou muito a que encontrássemos pessoas tão positivas e cheias de vida! Perdoem-me todos os outros, mas tenho que mencionar as duas senhoras, primas, que são amigas desde sempre, ou seja, há 70 anos!!! Ambas foram professoras primárias, e eram divertidíssimas! Obrigado a ambas, pelos minutos de conversa. Encontrei muita gente da minha zona (eu sou de Riba d’Ave – e para os fãs de hóquei em patins esta referência chega - que é uma freguesia do concelho de Vila Nova de Famalicão, distrito de Braga), gente de Braga (onde eu e a Amélia residimos – mas não na mesma casa, que ela é natural de lá e eu só me mudei em 2007)… gente boa, simpática, e até um senhor que nos comprou o livro, e não quis o troco. “É para os vossos cafés e gelados”, disse, visto que andar na praia com livros atrás não é tarefa fácil. Obrigado, senhor que eu não sei o nome mas a quem desejo o melhor do mundo!
Para quem percorre a Avenida dos Banhos, as praias da Póvoa de Varzim podem não parecer assim tão extensas. Mas quem vai pela areia sofre tanto! Não vou mentir: houve momentos em que me apeteceu só deitar na areia e descansar, mas a causa é maior e as forças surgiam em segundos. Quando chegamos ao pé das últimas pessoas, mesmo no fim da praia (junto ao porto), apanhamos um susto: estava um cão dentro da barraca, que, à nossa chegada, começou a latir como se não houvesse amanhã. Apesar disso, o simpático casal acedeu a ouvir-nos e até nos comprou o livro. Só que quanto o ia entregar à senhora, dentro da barraca… o cão quase que me mordia! Pode não parecer nada, mas eu – que já fui mordida algumas vezes – tenho mesmo medo destas situações, por isso, do meu ponto de vista, eu corri perigo de vida em prol da causa! (sim, é um bocadinho exagerado eheh).
Cansados, mas felizes, voltamos para o nosso lar ambulante bem dispostos e a cantar (em abono da verdade, eu cantava uma música disparatada e eles só riam, mas é quase a mesma coisa!). E se eu achava que o dia estava a correr bem, mais feliz fiquei com a notícia que a Sofia me deu: a Ana e o Rui ofereceram a casa, na Aguçadoura, para podermos tomar banho de água quente!!! Têm consciência do luxo que é? Se acham que não, experimentem passar mais de 61h sem um – como eu – e depois digam-me qualquer coisa…
Dividimo-nos por casas. Homens para a casa deles, e mulheres para a casa dos pais do Rui. A mãe dele, a Fátima (proibiu-me terminantemente de a tratar com reverência), arranjou-nos tudo, e no fim ainda nos ofereceu o jantar!!! Nós os seis, mais eles quatro, juntos à mesa, a comer um belo arroz de carne e a partilhar histórias divertidas. Não há nada no mundo que pague isto. Nada. Como se isto não bastasse, a Ana e o Rui ainda abriram O Recanto (o estabelecimento deles) e abasteceram o nosso frigorífico, com direito a clarinhas de Fão (doce com chila típico da zona – Fão é ao lado de Ofir) e outras guloseimas!
Só vos digo isto: a vida está cheia de coisas boas J

by Paula Ferreira Lobo

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